Agata não teria nem procurado a madrinha, a corretora de imóveis Marivalda Alves de Mendonça, 51, quem considerava sua segunda mãe.
A madrinha afirmou à reportagem que Agata foi abandonada pela mãe quando tinha dois meses de idade. Ela conviveu com o pai, até por volta dos três anos, quando foi recolhida pela Conselho Tutelar, por maus-tratos. Por isso, segundo ela, a guarda da jovem foi entregue à avó materna, que convidou a corretora para ser madrinha.
Marivalda comprou uma casa para avó e neta, em Ilha Comprida, onde ambas moraram por cerca de sete anos, no bairro Balneário Cláudia Mara. A rotina delas era tranquila, segundo a corretora de imóveis, até que Gutenberg retornou à vida delas, adoentado. “Por causa disso, ele acabou sendo acolhido e, por uns seis meses, parecia ter se recuperado”, diz.
Quando melhorou, segundo o relato da madrinha, ele começou a se relacionar com uma ajudante geral de 40 anos e foi ganhando, aos poucos, a confiança da filha.
Quando Agata estava com 15 anos, a avó materna enfartou e se mudou para o Maranhão. Por isso, a jovem começou a morar com o pai e a então madrasta. “Em um ano, mais ou menos, eles se mudaram umas três vezes, até chegarem à casa onde ela sumiu [balneário Britânia]”, afirmou a madrinha da vítima.
No novo endereço, Agata passou a morar como o pai e a madrasta, que rompeu com Gutenberg em maio do ano passado. Ela afirmou ter visto a jovem, pela última vez, cerca de três meses depois, na rua.
Pedindo para não ter o nome publicado, a madrasta afirmou à reportagem que a jovem teria dito a ela que foi vítima de um suposto abuso sexual, por parte do pai.
O pai de Agata informou a Marivalda que a jovem havia se mudado para Sorocaba, onde estaria se relacionando com um rapaz e esperando um filho dele. “Ele mandou um áudio falando que a criança tinha nascido e que estava ajudando a filha. Ele fez a gente acreditar que Agata tinha fugido e mantido contato só com ele.”
Quando Marivalda constatou que o pai da jovem havia inventado mais de uma versão para o desaparecimento, resolveu procurar a polícia.
Após registrar um boletim de ocorrência, em 26 de outubro, familiares descobriram que Gutenberg estava em Itanhaém. Uma campana foi feita para prendê-lo, mas o suspeito conseguiu fugir. “Com a fuga, a polícia decidiu vasculhar a casa onde minha sobrinha tinha morado com ele”, explicou Marivalda.
No último dia 11, com a ajuda de uma retroescavadeira, o solo do quintal foi escavado e uma ossada humana encontrada no local. Foram localizados piercings, idênticos aos usados por Agata.
O delegado Carlos Eiras, titular da Delegacia Sede de Ilha Comprida, afirmou que a ossada foi submetida a exames que foram encaminhado para análises complementares no IML (Instito Médico Legal) da capital paulista. Mesmo foragido, o pai de Agata foi indiciado por homicídio e ocultação de cadáver.
O policial acrescentou que vai solicitar à Justiça para que a prisão temporária do investigado seja convertida em preventiva, por tempo indeterminado.