Promotor manda vítima de violência doméstica “sossegar o facho” e voltar com o companheiro

Um áudio gravado durante a audiência mostra o promotor fazendo comentários desrespeitosos sobre a quantidade de filhos que a vítima tem.

Um promotor de Justiça da vara da família de Vitória, no Espírito Santo, sugeriu que Alessandra de Souza Silva, uma mulher que denunciou seu ex-marido, Carlos Augusto de Aguiar, por violência doméstica e tentativa de feminicídio, “aquietasse o facho” e continuasse casada com o agressor.

Nova tecnologia em construção de casas pré-moldadas é destaque no Café com Genefax

A denúncia foi realizada pelo Programa de Pesquisa e Extensão Fordan da Universidade Federal do Espírito Santo ao Conselho Nacional do Ministério Público e ao Conselho Nacional de Direitos Humanos.

A esteticista, de 41 anos, revelou que se sentiu humilhada com a fala do promotor durante a audiência.

“Ele falou assim: ‘você tem um monte de filho, sossega o facho’”, afirmou Alessandra sobre a sessão. Ela ainda afirma que se sentiu desamparada. “A gente vai pedir apoio e ser rebaixada, aí não tem como, constrangimento demais”.

Um áudio gravado durante a audiência mostra o promotor fazendo comentários desrespeitosos sobre a quantidade de filhos que a vítima tem.

“Gente, agora eu vou falar assim, vocês têm cinco filhos juntos, hein doutora? Vocês deveriam aquietar o facho e ficar o resto da vida juntos, né?”.

“Deus me livre”, reage a vítima no áudio. Então, Souza Silva continua: “Deus me livre, não. Quem tem cinco filhos juntos deveria aquietar o facho. Tá? É isso aí, tá? […] Todo mundo é livre, mas olha aí a consequência. Os filhos depois crescem, gente, os filhos precisam de um ambiente mais? A questão única não é só o dinheiro, a questão é o emocional dos filhos, é os pais estarem bem”.

A vítima contou que morou com o ex-marido por 20 anos e que foi vítima de agressão diversas vezes, tendo diversas medidas protetivas contra ele. Alessandra tem sete filhos, sendo cinco com o ex-companheiro.

Em outro áudio, a mulher lamentou: “Eu morei com meu ex-marido 20 anos, e nesses 20 anos o que passei foi ser humilhada, violentada, sofri abuso psicológico”. Ela também falou sobre a situação protagonizada pelo promotor em questão.

“A gente tem que debater com ex-marido e chegar para fazer audiência, e lá virar chacota para promotor, aí a gente sai de lá como lixo, né? Fica humilhada mais ainda, a gente vira chacota, e aí o que acontece, a gente fica calada e volta para casa.”

O promotor disse, através de nota, que não vai comentar o caso, por tratar-se de audiência corrida em segredo de justiça. Luiz Antônio ainda disse, que o aflige pensar que a sua situação possa ter “gerado eventual desconforto, certamente advindo de algum ruído de comunicação, que poderia ter esclarecido a respeito, instantaneamente”.

 

 

Mande fotos e vídeos com os acontecimentos de seu bairro para o WhatsApp do Fala Genefax (75) 9 9190-1606

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
Web Statistics