Bahia lidera ranking de mortes em confrontos com a polícia pelo 2º ano consecutivo

Dos 10 municípios com mais vítimas por ação da polícia, metade são baianos

A Bahia lidera o ranking de mortes em decorrência de ações policiais pelo segundo ano consecutivo, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na última quinta-feira (18). Em 2023, 1.699 pessoas morreram em ações envolvendo agentes de segurança, sejam eles policiais em serviço ou não. O estado registrou um aumento de 232 mortes em relação a 2022, quando ocorreram 1.467 mortes desse tipo.

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O crescimento constante nas mortes causadas pela polícia baiana vem sendo observado desde 2021. Naquele ano, a Bahia ficou atrás do Rio de Janeiro em número de mortes, mas nos últimos dois anos, o estado nordestino superou o estado do Sudeste.

Violência Policial e Criminalidade

A disputa entre organizações criminosas e a letalidade policial são apontadas como as maiores causas de mortes violentas no país. Dudu Ribeiro, pesquisador da Iniciativa Negra, destaca que a polícia baiana, sendo a mais letal do Brasil, contribui para o aumento dos índices de violência no estado. Segundo os dados do Anuário, uma pessoa negra tem 3,8 vezes mais chances de morrer por intervenção policial do que uma pessoa branca.

Ribeiro comenta que em Salvador e na Região Metropolitana, a polícia está envolvida em 36% dos eventos de tiroteio. “Um modelo de segurança pública baseado na ocupação dos territórios e na intensificação dos conflitos coloca toda a comunidade baiana na linha do tiro, mas o alvo preferencial tem sido meninos e homens jovens negros moradores dos bairros periféricos”, analisa o pesquisador.

Casos de Execuções e Investigação

Um caso que ilustra a gravidade da situação ocorreu em junho deste ano na cidade baiana de Itatim, onde policiais envolvidos na morte de oito pessoas foram afastados de suas funções. A investigação do Ministério Público da Bahia sugere que as vítimas foram executadas e que a cena do crime foi possivelmente alterada. Inicialmente, o caso foi tratado como um confronto entre policiais e suspeitos.

Comparação com Outros Estados

Para contextualizar a dimensão do problema, a Bahia, quarto estado mais populoso do Brasil, registrou mais mortes em ações policiais do que São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro juntos. Os estados do Sudeste, que são os mais populosos do país, registraram 504, 136 e 871 mortes, respectivamente.

Renato Sérgio Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, observa que houve um aumento na proporção de mortes violentas intencionais causadas por policiais no Brasil, passando de 8% em 2018 para 13% em 2023. No entanto, Lima ressalta que essa tendência de aumento não é uniforme em todo o país, sendo mais pronunciada em estados como a Bahia e o Amapá.

Cidades com Mais Mortes Policiais

Jequié, no centro-sul da Bahia, destaca-se como o município com a maior proporção de vítimas fatais de violência policial no Brasil, com uma taxa de 46,6 mortes a cada 100 mil habitantes. A cidade liderou o ranking de mortes violentas intencionais no ano passado e continua como a localidade onde a polícia mais mata. Segundo Lima, a violência em Jequié está ligada às disputas de facções criminosas e à violência policial excessiva. A cidade é um ponto estratégico para o tráfico de drogas e outras mercadorias ilícitas.

Além de Jequié, outras cidades baianas como Eunápolis, Simões Filho, Salvador e Luís Eduardo Magalhães também aparecem no ranking das 10 cidades brasileiras com mais mortes pela polícia.

Resposta das Autoridades

Em resposta ao desempenho da Bahia no Anuário, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP) afirmou que as forças de segurança atuam com rigor e dentro da legalidade no combate a grupos criminosos envolvidos com tráfico de drogas e armas, homicídios, roubos e corrupção de menores.

Mortes de Policiais

As ações policiais também resultam na morte de agentes de segurança, embora em menor número. Em 2023, seis policiais militares morreram em serviço na Bahia, um aumento em relação aos quatro do ano anterior. Quanto à morte não natural de policiais fora do serviço, foram três casos registrados. A edição mais recente da pesquisa não registrou mortes de policiais civis no estado.

 

 

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