Milagre de São Roque uma celebração de fé e cultura popular em Amélia Rodrigues
O município de Amélia Rodrigues celebrou neste domingo (18/8) o ponto alto da Festa do Milagre de São Roque, uma tradição que atravessa gerações, combinando fé e cultura popular em um evento que acontece anualmente durante o mês de agosto.
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Realizada na localidade do Engenho Novo, na antiga Usina Itapetingui, esta festa atrai milhares de fiéis e visitantes que buscam não apenas a espiritualidade, mas também a vivência de uma rica herança cultural.
A história da festa remonta a mais de 100 anos atrás, quando começaram as penitências para as águas milagrosas de São Roque, santo conhecido por sua proteção contra doenças, especialmente as de pele. De acordo com a tradição oral, o Milagre de São Roque está relacionado à cura de uma criança, o que levou a comunidade a consagrar o local como um espaço sagrado, onde a fé e a devoção se manifestam em ritos religiosos e práticas culturais.
O evento que atualmente passou a ser organizado pela Associação Religiosa Cultural e Beneficente Ilê Asé Onirê Adê Fadaká é marcado por uma extensa programação, que inclui manifestações populares, folclóricas entre outras tradições. Contando com o apoio da Prefeitura Municipal, a festa tem se tornado um momento de intensa religiosidade e de celebração das raízes culturais da região. Além disso, é um espaço de encontro entre o sagrado e o profano, onde diferentes crenças e práticas culturais coexistem de maneira harmoniosa.
O Babalorixá Udevaldo Brandão, presidente da Associação Religiosa Cultural e Beneficente Ilê Asé Onirê Adê Fadaká, destacou que a Festa de São Roque é mais do que uma simples manifestação religiosa; é um espaço de práticas que reforçam a importância das relações étnico-raciais e da cultura popular. Segundo ele, o evento ocorre em torno da água milagrosa que goteja de uma pedra, associada à cura de doenças, reforçando o sincretismo religioso que une catolicismo e religiosidade afro-brasileira.
“Este ano, realizamos também a procissão do Senhor São Roque, e ao longo de todo o mês recebemos milhares de pessoas que, com muita fé, descem as escadarias ao lado da capela para chegar ao milagre, onde pegam um pouco de água milagrosa e fazem pedidos e agradecimentos pelas graças alcançadas através de São Roque”, ressaltou o Babalorixá.
Em reconhecimento à sua relevância cultural e histórica, a Associação Beneficente Ilê Axé Onirê Adé Fadaká solicitou o reconhecimento do Milagre de São Roque como patrimônio imaterial. Durante a festividade, Ellys Nobre, técnica em História na Gerência de Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, o IPAC, realizou as observações da festa para elaborar um parecer preliminar. Este reconhecimento reforçaria a necessidade de preservação do local e da celebração, garantindo que esta rica tradição continue a ser vivida e transmitida para as futuras gerações.
Parabéns pela reportagem. Muita qualidade!